Elementar

A pele não era seca
Seu rosto não era rubro
Antes o fogo
Fonte de quem caça
Depois a água
Paixão de quem vive
Mas era a terra
Que era seca
E cada palavra pedra
Vinha de qualquer palavra fome
Que dizia que pouca palavra se era
Para quem planta palavra no nome
Palavra de homem
Daquele que também nasce fêmea
E vê sem qualquer cosmético
Que a fé é a beleza da pena
Que se paga a cada dia que se apaga
Mas que se refaz em viva oferenda.

É palavra sem comício
Daquela terra sem vento
Da lua grande
Do sol imenso
Que secava o sussurro
Que ecoa na lembrança
De quem já teve um dia
Na estrada que nunca se esvai.

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Presente no Portal Cronópios