Eu,
Assim como
O outro,
Tenho em meus átomos
Memórias pré-civilizadas.
Trago na boca
O gosto adormecido das feras
Trago nos olhos
A percepção dilatada da caça.
Canto em meus sonhos
Todos os ritos negros
(Também canto no círculo das outras cores)
Entre memórias e mitos me revejo
(Também invento Deuses além das minhas sombras)
Eu,
Assim como
O outro,
Lapidei mouros
Fiz criadouros humanos
Dizimei beltranos
E depois me redimi na ética.
Eu,
Assim como
O outro,
Sou muito menor do que a terra.
*
Presente na Revista Mallarmargens